A banalização da vida infantojuvenil e os percalços na saúde pública

O fim da pediatria do Hospital Geral de Fortaleza e o retorno das crianças às aulas presenciais são apenas duas representações que apontam a insensibilidade dos governos, sobretudo neste momento pandêmico. São tempos desafiadores para mães e pais que são confrontados com a retirada do atendimento médico especializado e com o retorno das atividades escolares. E, neste cenário, sem dúvidas, haverá obstáculos e inquietações, principalmente para famílias em situação de vulnerabilidade social. Não há justificativa plausível para o fechamento da ala pediátrica hospitalar e, muito mesmo, para o retorno das aulas presenciais.

Tais ações culminam em sentimentos como medo e insegurança quanto à adoção de medidas necessárias para a preservação da saúde das crianças. Por um lado são mais de cinquenta anos de atendimento pediátrico do HGF agora com dias contados. Além disso, temos o resultado frustrante de países que retomaram os trabalhos pedagógicos e registraram a contaminação de milhares de alunos por covid-19, doença de evolução incerta e sequelas desconhecidas. Prestar assistência e amparo a crianças e adolescentes não é uma atividade fácil, exige vigilância e disciplina.

Vale também destacar o texto definido no artigo 227, da Constituição Federal: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.

Não estaria o Estado negligenciando quando definiu, sem consulta pública, pelo fim do atendimento pediátrico do HGF? São cerca de 12 mil atendimentos ambulatoriais e mil internamentos por ano, segundo a Sociedade Cearense de Pediatria! Além disso, o HGF é o único no Estado que dispõe de atendimento reumatológico para crianças. Enfermidades raras que, no prazo de seis meses, período de transição definido pela Secretaria de Saúde do Estado, passarão a ser acompanhadas pelo Hospital Albert Sabin, unidade de saúde já sobrecarregada.

Não estariam os governos descuidando das crianças e adolescentes ao anunciarem o retorno das aulas para setembro, mesmo ainda sem imunização para covid-19? Crianças e adolescentes são vetores da doença ainda investigada por cientistas do mundo – grande risco para as famílias – além disso, quando afetadas pelo vírus podem ser acarretadas de problemas neurológicos.

Não podemos aceitar com naturalidade o fechamento de espaços de atendimento especializado voltado para nossas crianças, estes já tão limitados em nosso Estado, bem como a banalização da vida ao permitir o retorno das atividades escolares antes da vacinação em massa, especialmente quando já tão perto de ocorrer diante do valoroso esforço da comunidade científica mundial.

Diretoria Colegiada do Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde, Trabalho e Previdência Social – Sinprece

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