Mais uma pessoa pode ter morrido de dengue no Ceará. Daniel Alves Pinheiro, 35 anos, morreu ontem de manhã, por volta das 6h30, no Hospital de Maracanaú. Sua morte, porém, ainda não está nas estatísticas oficiais da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). “A confirmação só com o resultado da sorologia ou com o laudo da necropsia”, afirmou a diretora do Hospital de Maracanaú, Vanda Campos.
Para a família de Daniel Pinheiro – ajudante de serviços gerais – não resta dúvida de que ele morreu por ter contraído dengue hemorrágica. Segundo a viúva, Antelma Gomes, ele foi internado no domingo, por volta das 13 horas, mas já chegou ao Hospital de Maracanaú com um quadro grave. “Se ele tivesse recebido atendimento no início, poderia ainda estar vivo”, desabafa a mulher.
Ela relata que Daniel sentiu os primeiros sintomas da doença na última terça-feira. “Ele chegou do trabalho com febre alta, então fomos ao posto de saúde de Maracanaú, mas o médico medicou e liberou para irmos para casa”, recorda Antelma Gomes.
Como ele não melhorou, o casal decidiu ir ao posto de saúde de Pacatuba e, mais uma vez, foi ministrado a medicação e Daniel voltou para casa. “A febre dele não passava, então fomos ao Hospital de Maracanaú no domingo, mas o quadro piorou e ele faleceu ontem”, afirmou a viúva, que ontem aguardava o corpo do companheiro que ainda não havia sido liberado pelo hospital.
A diretora do Hospital de Maracanaú, Vanda Campos, disse que o rapaz chegou a unidade no domingo com suspeita de dengue. Daniel Pinheiro recebeu o tratamento habitual ministrado em pacientes com suspeita da doença. Contudo, “o quadro dele evoluiu para bronco-pneumonia e ontem, por volta das 7h30, ele sofreu uma parada cardíaca vindo a falecer”, esclareceu.
Vanda Campos aguarda o resultado da sorologia do sangue do paciente para confirmar a causa de sua morte, se foi por dengue hemorrágica ou por dengue com complicação. “O laudo da sorologia demora, em média, de sete a dez dias, enquanto o resultado da necropsia pelo Serviço de Verificação de Óbito (SVO) deve demorar mais de dez dias para ficar pronto”, explica.
De janeiro até o último dia 25, o Hospital de Messejana já notificou 400 casos de dengue, uma média de três casos novos por dia. Desse total, 165 casos de dengue clássica e seis de dengue hemorrágica já foram confirmados pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).
Em todo o Estado, 156 pessoas foram infectadas pelo mosquito Aedes aegypti, contraindo a dengue hemorrágica, conforme boletim divulgado pela Sesa, na semana passada. Maracanaú e Aracoiaba ocupam o quinto lugar entre os municípios cearenses com casos de dengue hemorrágica. Até agora, os números oficiais registram quatro mortes por dengue no Ceará.
AEDES AEGYPTI – Água empoçada na rua não implica em risco
Se suja, água acumulada nas ruas pode, entretanto, contribuir para o contágio de outras doenças, como de pele
A falta de saneamento em muitas ruas da cidade e o desnível dos terrenos está deixando os moradores preocupados. O acúmulo de água em poças às margens das calçadas e também em buracos no asfalto está chamando a atenção da população para o risco do contágio de doenças, principalmente devido ao crescente número de casos de dengue registrados em Fortaleza.
A grande dúvida de muitas pessoas é se as poças formadas são locais para a reprodução do Aedes aegypti. O questionamento parece ser banal, mas está na cabeça de muitos fortalezenses que todos os dias se deparam com a notícia de um novo caso de dengue na rua ou no bairro onde moram.
Essa é também a dúvida do aposentado José Napoleão Mesquita. Ele mora no Bairro Antônio Bezerra e teme que a água acumulada na frente das casas seja um local propício à reprodução do Aedes aegypti. As poças paradas são resultado da água escoada das residências. A falta de saneamento no bairro faz com que as pessoas despejem a água utilizada na lavagem de roupa, louças e banho na rua.
O temor da dengue fez com que o aposentado não despejasse mais água de casa para a rua. “Eu tento fazer a minha parte”, frisou. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a água empoçada na rua não implica em risco para a dengue. O mosquito encontra locais mais propícios à sua reprodução, como caixas-d´água e depósitos que acumulam água limpa, parada e à sombra.
A Secretaria de Saúde do Estado estima que 90% dos focos do mosquito estão dentro das residências e não nas ruas. Daí a preocupação e campanhas para que a população esteja sempre alerta aos utensílios colocados em quintais ou em espaços abertos que possam acumular água.
No Monte Castelo, mesmo os moradores fazendo a parte deles, o problema de acúmulo de água na rua não é resolvido. Em um ponto da Avenida Sargento Hermínio, há anos, a água da chuva se acumula nas ondulações do asfalto, causando transtornos não só aos veículos, mas aos moradores e comerciantes da área próxima.
“Para nós que trabalhamos com a venda de alimentos, o mau cheiro traz muitos prejuízos”, conta a comerciante Gerciana Vieira Sampaio.
O mau cheiro é apenas um dos problemas. As muriçocas e os mosquitos que a água atrai incomodam os moradores das proximidades, sobretudo, no período da noite.
Ela tem uma lanchonete e afirma que mesmo após as chuvas, a grande poça de água não diminui, pois a lavagem de veículos nas calçadas, comuns no bairro, e dos estabelecimentos favorece o empoçamento.
Riscos
A água suja acumulada nas ruas pode não ser o local ideal para a reprodução do mosquito da dengue, o Aedes aegypti, mas implica no risco de contágio de outras doenças, como leptospirose, verminoses, doenças de pele, cólera, gastroenterites, dentre outras, provocadas pelo contato ou ingestão de água de esgoto ou contaminadas.
IBERO-AMÉRICA – Países discutem a eficácia da medicina familiar
Ministros da Saúde do Uruguai e de Portugal e o vice-ministro de Cuba participam hoje, às 9 horas, da abertura da III Cumbre Ibero Americana de Medicina Familiar, no Marina Park Hotel. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, não confirmou sua presença no evento que vai debater a missão e os desafios para a medicina familiar e a atenção primária no século XXI sob o foco da eqüidade, integralidade e qualidade nos sistemas de saúde.
O Ceará foi escolhido como sede do evento por ter sido o primeiro estado brasileiro a adotar o programa de medicina familiar. O evento no Marina Park reunirá cerca de 300 delegados de 20 países íbero-americanos. Para o presidente da Associação Cearense de Medicina de Família e Comunidade, Tales Coelho, o trabalho do PSF foi fundamental para reduzir a mortalidade infantil e a mortalidade materna no País.
Dados do Ministério da Saúde revelam que o Brasil reduziu de 57 para 20 o número de mortes nessa faixa etária a cada mil nascimentos entre 1990 e 2006, uma diminuição de 65%. A meta para 2015 é reduzir para 19 o número de mortes a cada mil nascimentos.
Apesar dos avanços, Tales Coelho admite que ainda está longe de alcançar a meta de “Saúde para todos no Ano 2000”, prevista pela Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), há 30 anos, no Cazaquistão.
E no ano em que o Brasil comemora 20 anos da criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e 15 anos da implantação do PFS, Fortaleza realiza, a partir de quinta-feira, o 9º Congresso Brasileiro de Medicina Familiar e Comunidade, no Centro de Convenções de Fortaleza.
*Com informações de Suelem Caminha / Diário do Nordeste / Editoria Cidade