Escândalo no ar: Denise em campo minado

José Múcio e Dilma municiam líderes governistas com o objetivo de desqualificar acusações da ex-diretora da Anac. Deverão insinuar até que ela recebeu dinheiro para denunciar a ministra da Casa Civil.
 

José Múcio e Dilma municiam líderes governistas com o objetivo de desqualificar acusações da ex-diretora da Anac. Deverão insinuar até que ela recebeu dinheiro para denunciar a ministra da Casa Civil.
 
Não foi à toa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem faltar “autoridade moral e ética” àqueles que acusam a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, de pressionar a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a aprovar a compra da Varig pelo fundo de investimento norte-americano Matlin Patterson e três sócios brasileiros. Os governistas decidiram desqualificar a ex-diretora da Anac Denise Abreu, que denunciou a suposta intervenção indevida de Dilma, durante a audiência de hoje na Comissão de Infra-Estrutura do Senado. A estratégia foi traçada durante uma reunião, com cerca de meia hora de duração, no Palácio do Planalto.
 
No depoimento que a ex-diretora fará hoje pela manhã, senadores governistas pretendem desconstruir a credibilidade de Denise lançando uma série de suspeitas. Insinuarão, por exemplo, que ela recebeu dinheiro para apresentar a denúncia. A ex-diretora da Anac está desempregada, como reconheceu em entrevistas recentes. “O padrão de vida dela caiu muito depois que saiu da agência. Antes, a Denise andava toda produzida, circulava de BMW”, disse um parlamentar afinado com a ministra da Casa Civil. A bancada governista também dará a entender que Denise teve interesses contrariados pelo governo. Trata-se de uma referência à suposta atuação dela no órgão regulador como lobista da TAM.
 
No início do primeiro mandato do presidente Lula, a TAM assinou um acordo de compartilhamento de vôos com a Varig, que seria o primeiro passo para a fusão entre as duas empresas. Em 2005, a operação ruiu, e a parceria foi desfeita. “Vamos aguardar a audiência para ver se houve interesses contrariados ou não”, afirmou o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. Os governistas alegarão ainda que Denise não merece crédito porque votou a favor da compra da Varig pelo fundo Matlin Patterson. Além disso, não denunciou o suposto tráfico de influência quando estava investida do cargo de diretora da Anac.
 
Na ocasião, ela estaria protegida pelo Senado, que lhe garantira um mandato fixo e, portanto, uma blindagem contra eventuais pressões do governo. A estratégia para a audiência de hoje foi discutida no gabinete de Múcio. Além do anfitrião, sentaram-se à mesa os líderes do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR); do PT, Ideli Salvatti (SC); do PMDB, Valdir Raupp (RO); do PSB, Renato Casagrande (ES), entre outros parlamentares. Dilma e a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, também participaram do encontro. O grupo foi municiado com informações repassadas pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim.
 
Dívidas
 
Conforme antecipado pelo Correio, será apresentada uma defesa técnica na Comissão de Infra-Estrutura do Senado. A idéia é mostrar que a nova Lei de Falência, aprovada pelo Congresso em dezembro de 2004, autorizou a venda da Varig sem que os compradores tivessem de assumir as dívidas trabalhista e tributária da empresa. Também será ressaltado que a Justiça referendou todo o processo, do juiz responsável pela recuperação judicial da companhia aérea, Luiz Roberto Ayoub, ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). “As coisas foram claras e com a chancela do Judiciário”, afirmou Múcio.
Ontem, Dilma voltou a repetir, na reunião, que não houve pressão sobre a Anac. Disse haver uma motivação ainda não-identificada no gesto de Denise. E declarou que o governo não pode ser responsabilizado pelo fato de o fundo Matlin Patterson ter fechado um contrato de gaveta com os três sócios brasileiros, destinado a garantir o controle acionário da VarigLog. Tal controle é proibido pela legislação, que limita em 20% a participação de capital estrangeiro em companhias aéreas. “Esse é um problema da Justiça”, teria dito a ministra.
 
Dilma destacou ainda que a Receita Federal e o Banco Central avalizaram a participação do fundo norte-americano no negócio. Isso seria comprovado por documentos.
 
*Com informações do Jornal Correio Braziliense

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