Médicos do Instituto Doutor José Frota (IJF) vão decidir amanhã se entram ou não em greve. A categoria reinvidica, como principais pontos, reajuste salarial diferenciado e melhores condições de trabalho.
O maior hospital de emergência do Estado pode vir a passar por uma nova crise. Os médicos do Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro, decidem amanhã, durante uma assembléia às 19h30min, no auditório do hospital, se entram ou não em greve. De acordo com o neurocirurgião Ramos Júnior, que há mais de dez anos trabalha no IJF, a principal queixa da categoria é a falta de retorno da Prefeitura sobre às reivindicações.
Ele diz que, durante o mês de fevereiro, passou dos dias 7 a 21 tentando localizar assessores e secretários do município que estavam conversando com os médicos sobre a proposta, mas não obteve retorno. Entre algumas questões, estão a implantação de um Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) específico para os médicos do IJF, contendo aposentadoria aos 25 anos de trabalho e adicional de insalubridade como algumas das demandas, além de melhores condições de trabalho. "Fomos recebidos na segunda-feira, dia 3 de março, pelos secretários (das pastas de administração e saúde) quando deveríamos ter sido pela prefeita (Luizianne Lins). A reunião terminou sem contraproposta", diz Ramos Júnior, explicando que houve outra reunião na última sexta-feira, 7, também sem sucesso.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Serviço de Saúde de Fortaleza (Sintsaf), Plácido Sobreira Filho, diz que não pode falar pelos médicos do IJF, mas acredita que a categoria deverá realizar a paralisação. "Queremos o que a prefeita disse publicamente em outubro, um PCCS específico para os médicos do IJF", ressalta Plácido, informando que, somente amanhã, saberá o que todos pensam.
De acordo com Alfredo Oliveira, titular da Secretaria da Administração do Município (SAM), os médicos do IJF já possuem um ganho maior que os demais profissionais da categoria. Ele explica que, no PCCS de todos os médicos da Prefeitura, já houve um destaque para os médicos do IJF garantindo um reajuste de 90% até 2009. "Um médico de 20 horas recebe atualmente R$ 2.040, ele vai superar os R$ 5 mil em 18 meses, dentro do patamar do setor privado", diz.
Ele também ressalta que houve, sim, apresentação de uma contraproposta, onde foram avaliados quatro dos 12 pontos enviados pelos médicos do IJF. Entre elas, estão a de verificar a disponibilidade da aposentadoria aos 25 anos junto ao Instituto Nacional da Seguridade Social; bônus de 1% sobre o salário a cada ano para os médicos com mais de 20 anos de emergência; aumentar o padrão de referência de reajuste na tabela de classificação dos servidores; manter os 89% de referência da tabela atual. "Achei estranho o movimento deles de hoje. Pensei que eles fossem apresentar as propostas à categoria amanhã, antes de divulgá-las", completa Oliveira.
Superlotação e atendimento
Na tarde de ontem, no IJF, muitas macas espalhadas na entrada que dá acesso à emergência, além de pacientes com os mais variados sintomas e locais de procedência. Apesar da superlotação, as pessoas com as quais a reportagem conversou criticavam a situação do IJF, mas também agradeceram à equipe pelo atendimento, insuficiente em outros hospitais.
Um deles, o motorista Francisco de Assis Falcão, 51 anos, veio de Aracati no sábado, depois de ter passado quatro dias no hospital de seu município de origem sem atendimento adequado. "Coloquei aqui (IJF) uma sonda para retirar o sangue do pulmão, que ficou perfurado com a queda da bicicleta. Passei a primeira noite no IJF em uma cadeira, mas aqui fui atendido, enquanto lá (Aracati) não resolveram", ressalta Falcão.
De acordo com o superintendente do IJF, Wandemberg Rodrigues, de estrutura de pessoal e de material, o hospital dispõe. O problema é a demanda, que sobrecarrega a emergência do local. Ele diz que parte desse problema será resolvido com o fim da reforma do setor, previsto para acontecer até julho. "Temos equipamentos aqui que nenhum outro hospital público ou privado do Estado possui, como um microscópio para neurocirurgia automático. E estão chegando dois tomógrafos em até 60 dias", completa. Apesar disso, quatro dos dois elevadores não estavam funcionando. "Eles são muito utilizados, mas uma empresa especializada realiza a manutenção periodicamente", completa Wandemberg.
*Com informações do Jornal O POVO/Marcos Cavalcante/ Editoria Fortaleza

Greve INSS é destaque no programa “Chame o Barra”
Na quinta-feira (18), a TV Jangadeiro, afiliada do SBT, acompanhou de perto o terceiro dia de greve dos servidores do Instituto Nacional do Seguro Social