Obras no HGF já duram sete anos

As obras de revitalização do Hospital Geral de Fortaleza - que muitos consideram a esperança de melhora no atendimento - já duram sete anos. No momento, as obras estão paralisadas e não se sabe quando serão finalizadas.
 
Lucinthya Gomes
Do Jornal O POVO
 

As obras de revitalização do Hospital Geral de Fortaleza – que muitos consideram a esperança de melhora no atendimento – já duram sete anos. No momento, as obras estão paralisadas e não se sabe quando serão finalizadas.
 
Lucinthya Gomes
Do Jornal O POVO
 
Cerca de 12 pacientes graves, diariamente, acumulam-se na fila de espera por uma vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O número, em alguns dias, salta para 21. Na emergência, várias pessoas lotam os corredores, aguardando atendimento. Ao todo, 3.520 pacientes estão na fila para uma cirurgia, espera que, em certos casos, já dura quatro anos. Falar do cenário atual de um dos maiores hospitais da rede pública do Ceará, o Hospital Geral de Fortaleza (HGF), implica em falar sobre desafios. A reforma e ampliação da unidade, que, para muitos, representa a melhora na qualidade do atendimento, não tem data para ser totalmente concluída. A obra já dura sete anos.
 
Inaugurado em 23 de maio de 1969, o HGF completou ontem 38 anos de existência. No dia do aniversário do hospital, Maria do Livramento da Silva, 41, estava acompanhando a irmã Antônia da Silva Paulino, 45, uma das pacientes que esperavam em um dos corredores por um leito de UTI. "Minha irmã veio do Interior, é diabética, hipertensa, está com um AVC (acidente vascular cerebral)… A situação dela é grave. Ela já foi atendida, mas está aguardando leito e ninguém dá uma previsão. Infelizmente, o pobre sofre e a saúde pública é um descaso", critica Livramento.
 
De acordo com a diretora do HGF, Fátima Dias, as dificuldades existem e a demanda reprimida de leitos da UTI é crônica. "Essa reforma é fundamental para melhorar a qualidade do atendimento", diz. Conforme ela explica, algumas novas salas de UTI já haviam sido concluídas e inauguradas no ano passado, mas ainda faltavam equipamentos. Segundo ela, em um mês, será feita a reinauguração dessas salas com a entrega do material, que inclui respiradores e monitores. Dados da assessoria de imprensa indicam que, com isso, o HGF, que hoje tem 12 leitos de UTI, passará a ter 40.
 
Outro ponto crônico citado por ela é a superlotação de pacientes na Emergência. Para o chefe do setor, Hugo Andrade, a situação é crítica e vem piorando. Para a reforma da Emergência, Fátima Dias acrescenta que já existem R$ 3,9 milhões de verba assegurada, sendo R$ 1 milhão do QualiSUS, do Ministério da Saúde, e o restante do Governo do Estado. Com relação à reforma, Hugo Andrade afirma que o objetivo é dar mais condições para o profissional trabalhar e para o paciente ser atendido. "Mas não necessariamente a reforma vai resolver o problema de superlotação. Isso não significa que vai reduzir a demanda. Esse é um problema que ultrapassa os limites do HGF", opina.
 
Em meio aos desafios, Fátima Dias aponta que o maior deles está relacionado aos recursos humanos. Isso porque 52% dos funcionários de todo o HGF são prestadores de serviço, seja por cooperativa, seja por firma. Diante disso, as esperanças voltam-se para o último concurso público realizado pelo Governo do Estado. "Nós estamos certos de que vamos melhorar isso quando esses profissionais forem convocados. Médico é o profissional mais urgente, aqui. Esperamos que a convocação aconteça ainda nesse semestre. Com isso, o HGF vai dar um salto de qualidade muito grande". Fátima estima que o percentual de prestadores de serviço em relação aos funcionários do HGF será reduzido de 52% para 10%.
 
E-MAIS:
 
Com relação à espera por cirurgias e procedimentos, a diretora do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Fátima Dias, afirma que algumas medidas têm sido adotadas para driblar a demora nas filas. Entre elas, a realização de mutirões. Em maio, o mutirão foi de próteses auditivas e, em junho, será de próteses ortopédicas. Um dos objetivos é fazer um mutirão de coloproctologia, para reverter o quadro de pacientes colostomizados.
 
Para a diretora, reduzir o número de profissionais terceirizados no HGF é um dos caminhos para melhorar o serviço. "Trabalhar com eles (prestadores) é muito bom, mas a gente não sabe se eles vêm amanhã e eles também não têm segurança. A auto-estima de quem é efetiva influencia nas condições de trabalho desse profissional".
 
Ela ressaltou também a importância da humanização do tratamento. Ela defende ser necessária oferecer atendimento com carinho, o que beneficia o tratamento do paciente.
 
Sem previsão para acabar
 
Apesar de ter sido iniciada em 2000 e já terem se passado sete anos, a obra de revitalização do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) não tem previsão para ser finalizada. De acordo com a diretora do HGF, Fátima Dias, a questão está sendo encaminhada pelo Departamento de Edificações Rodovias e Transportes (Dert) e pela Secretaria da Infra-Estrutura do Estado do Ceará (Seinfra).
 
O superintendente do Dert, José Maria Braga Costa, afirma que toda a obra do HGF foi interrompida porque existe uma pendência com o Tribunal de Contas da União. "Enquanto não resolvermos a pendência, não retomaremos a obra", garante. Segundo ele, a pendência está relacionada a reajustes que foram aplicados à obra. "Mas o Dert já se apresentou e essa pendência está para ser decidida em Brasília, pelo TCU, a qualquer momento". Conforme Fátima, o TCU precisa se manifestar para haver a liberação de verbas do Ministério da Saúde.
 
Um dos maiores hospitais da rede pública do Estado
 
Inaugurado em 23 de maio de 1969, o Hospital Geral de Fortaleza (HGF) passou a ser administrado pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) em 1990. De lá para cá, tornou-se um dos maiores hospitais da rede pública do Estado. Apesar de todas as dificuldades, realiza mensalmente cerca de 700 cirurgias, 600 ressonâncias, 600 endoscopias, 15 mil atendimentos nos diversos ambulatórios e 65 mil exames de laboratório. "Cada dia no HGF é um dia vencido, em busca de qualidade e melhoria. As dificuldades existem, mas o Hospital cumpre com a sua missão de servir a comunidade do Ceará e até de fora (do Estado)", disse a diretora do HGF.
 
Na manhã de ontem, teve início a comemoração dos 38 anos de aniversário do Hospital, que prossegue até amanhã, por meio de palestras, mesas redondas, debates e apresentações de trabalhos científicos. O tema é "Fortalecendo a Saúde e o Ensino – Ciência, Ética e Cidadania", o que enfatiza a missão. Entre os motivos para comemorar, estão o recorde de 800 transplantes renais, sendo referência no Norte e Nordeste; o maior programa de residência médica do Estado; contribuir para a formação de inúmeros profissionais de saúde no Estado; ser o único hospital com Banco de Olhos no Ceará.

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